estava sentada no meio do café, com as mesas cheias
à sua volta. estava sózinha, e o olhar perdia-se
entre o ar e o balcão, fingindo estar atenta
ao que se passava, como se alguma coisa se
passasse entretanto. tinha tomado o café; e o copo
de água estava cheio, ao lado de um cinzeiro
que não servia para nada, porque não fumava.
segui a direcção dos seus olhos, vendo o vazio
formar-se no lugar em que os meus e os dela
se cruzavam, nessa zona branca do café em que
o fumo dos cigarros absorvia as conversas e
o barulho das chávenas. e deixei-a estar por
algum tempo, na ilusão de que estava sózinha,
até olhar para a porta, de onde alguém viria.
não fiquei para saber se quem chegou era quem
ela esperava, ou se continuaria a fixar o
horizonte da parede onde um relógio insistia
em pontuar o tempo. e continuo a vê-la,
puxando o cabelo para trás, num gesto de quem
julga que alguém vai chegar, sem saber que
quem havia de chegar a deixou sózinha, comigo.
Nuno Júdice
E assim surgem as oportunidades...como se perdem também :))
ResponderEliminarBeijinho
Boa tarde!
ResponderEliminarParabéns pelo precioso texto.
Abraços
Sinval
olá Sinval
Eliminarbem vindo ao Vento!
grata
abraço
:)
E porque gosto de Nuno Júdice, gostei da leitura claro...
ResponderEliminarBom fim de semana
Bjs