25 março 2015

HERBERTO HELDER


as minhas palavras são pequeninas para homenagear-te:
Poeta dos Poetas!
ESTARÁS SEMPRE ENTRE NÓS, TU BEM SABES.


23 Novembro de 1930 a 23 de Março de 2015


e porque porque gostas tanto, trouxe-te
BACH, como se fossem flores da Primavera, que renasce para saudar-te
na tua viagem

    
estilo

     Se eu quisesse enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa. Contaram-me casos extraordinários, eu próprio... Enfim, às vezes não consigo arrumar tudo isso. Porque, sabe?
(...) pag 7

As crianças enlouquecem em coisas de poesia.
Escutai um instante como ficam presas
no alto desse grito, como a eternidade as acolhe
enquanto gritam e gritam.
(...)

   -  E nada mais somos do que o Poema onde as crianças
se distanciam loucamente.

Trata-se do excerto de uma poesia. Gosta de poesia? Sabe o que é poesia? Tem medo da poesia? Tem o demoníaco júbilo da poesia?
(...) pag 9

Herberto Helder
in: PASSOS EM VOLTA



19 março 2015

AS PALAVRAS APROXIMAM




as palavras aproximam:

prendem-soltam
são montanhas de espuma
que se faz-desfaz
na areia da fala
soltam freios
abrem clareiras no medo
fazem pausa na aflição

ou então não:
matam
afogam
separam definitivamente 
amando muito muito
ficamos sem palavras

de: Ana Hatherly





09 março 2015

PAISAGEM




passavam pelo ar aves repentinas,
o cheiro da terra era fundo e amargo,
e ao longe as cavalgadas do mar largo
sacudiam na areia as suas crinas.

era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
era a carne das árvores elástica e dura,
eram as gotas de sangue da resina
e as folhas em que a luz se descombina.

eram os caminhos num ir lento,
eram as mãos profundas do vento
era o livre e luminoso chamamento
da asa dos espaços fugitiva.

eram os pinheirais onde o céu poisa,
era o peso e era a cor de cada coisa,
a sua quietude, secretamente viva,
e a sua exalação afirmativa.

era a verdade e a força do mar largo,
cuja voz, quando se quebra, sobe,
era o regresso sem fim e a claridade
das praias onde a direito o vento corre.

de: Sophia de Mello Breyner Andresen 
em: Obra Poética I







02 março 2015

HOJE: 3º ANIVERSÁRIO DO 'POEMA'




LEMBRO-ME DE TI

lembro-me de ti 
nesse instante absoluto, 
a vida conduzida por um fio de música. 
intenso e delicado, ele vai-nos fechando num casulo 
onde tudo será permitido. 

se é só isso que podemos ter, 
que seja forte. que seja único. 
tão íntimo quanto ouvirmos a mesma melodia, 
tendo o mesmo - esplêndido - pensamento. 

de: Lya Luft