passavam pelo ar aves repentinas,
o cheiro da terra era fundo e amargo,
e ao longe as cavalgadas do mar largo
sacudiam na areia as suas crinas.
era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
era a carne das árvores elástica e dura,
eram as gotas de sangue da resina
e as folhas em que a luz se descombina.
eram os caminhos num ir lento,
eram as mãos profundas do vento
era o livre e luminoso chamamento
da asa dos espaços fugitiva.
eram os pinheirais onde o céu poisa,
era o peso e era a cor de cada coisa,
a sua quietude, secretamente viva,
e a sua exalação afirmativa.
era a verdade e a força do mar largo,
cuja voz, quando se quebra, sobe,
era o regresso sem fim e a claridade
das praias onde a direito o vento corre.
de: Sophia de Mello Breyner Andresen
Nem sei que te diga! olha, fiquei por aqui...lendo...ouvindo o piano...que bom!
ResponderEliminarBjs
Olá Vento! Passando para te cumprimentar e apreciar este belo poema da Sophia de Mello Breyner Andresen, fruta das tuas acertadas escolhas.
ResponderEliminarAbraços,
Furtado.
É sempre bom ler Sophia ;)
ResponderEliminarBeijo amigo
Que despontem os cravos
ResponderEliminarBoa partilha
Bj