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Pois, logo a mim tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada. De chofre explicava-se para que eu nascera de mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor.
- Para que te servem essa unhas longas?
- Para te arranhar de morte e para te arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem.
- Para que te serve essa cruel boca de fome?
- Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor. Já que tenho que te doer eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.
- Para que te servem essas mãos que ardem e prendem?
- Para ficarmos de mãos dadas pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir.
Clarice Lispector
em: Os Desastres de Sofia
Uma ternura de texto
ResponderEliminar... afinal as feras também sabem amar
Eliminare o teu comentário transpira mais ternura que o próprio texto :)