Vozes do mar, das árvores, do vento!
Quando às vezes, n'um sonho doloroso,
Me embala o vosso canto poderoso,
Eu julgo igual ao meu vosso tormento...
Verbo crepuscular e íntimo alento
Das cousas mudas; psalmo misterioso;
Não serás tu, queixume vaporoso,
O suspiro do mundo e o seu lamento?
Um espírito habita a imensidade:
Uma ânsia cruel de liberdade
Agita e abala as formas fugitivas.
E eu compreendo a vossa língua estranha,
Vozes do mar, da selva, da montanha...
Almas irmãs da minha, almas cativas!
II
Não choreis, ventos, árvores e mares,
Coro antigo de vozes rumorosas,
Das vozes primitivas, dolorosas
Como um pranto de larvas tumulares...
Da sombra das visões crepusculares
Rompendo, um dia, surgireis radiosas
D'esse sonho e essas ânsias afrontosas,
Que exprimem vossas queixas singulares...
Almas no limbo ainda da existência,
Acordareis um dia na Consciência,
E pairando, já puro pensamento,
Vereis as Formas, filhas da Ilusão,
Cair desfeitas, como um sonho vão...
E acabará por fim vosso tormento.
Antero de Quental
como me sinto pequenino para comentar Antero de Quental.
ResponderEliminarfico-me pelas singelas palavras do quanto adoro essas nobres palavras... as do Antero, a do mar, das árvores, e do vento.
a...té
Boa memória
ResponderEliminarHá muito tempo que não lia o Antero de Quental.
ResponderEliminarObrigado pela partilha.
Beijos, querida amiga.
Ah!... foi um pequeno carinho a ele pelo seu aniversário :))
ResponderEliminarvocês acham que ele deu por isso? ;)))....
Um abraço, queridos amigos.