Vladimir Kush
Sim, quero dizer sim ao inacabado
que é o princípio de tudo
e o que não é ainda,
sim ao vazio coração que ignora
e que no silêncio preserva o sim do início,
sim a algumas palavras que são nuvens
brancas e deslizam amplas
sobre um mundo pacífico,
sim aos instrumentos simples
da cozinha,
sim à liberdade do fogo
que adensa o vigor da consciência,
sim à transparência que não exalta
mas decanta o vinho da presença,
sim à paixão que é um ajuste ao cimo
de uma profunda arquitectura íntima,
sim à pupila já madura
que se inebria das sombras das figuras,
sim à solidão quando ela é branca
e desenha a matéria cristalina,
sim às folhas que oscilam e brilham
ao subtil sopro de uma brisa,
sim ao espaço da casa, à sua música
entre o sono e a lucidez, que apazigua,
sim aos exercícios pacientes
em que a claridade pousa no vagar que a pensa,
sim à ternura no centro da clareira
tremendo como uma lâmpada sem sombra,
sim a ti, tempestade que iluminas
um país de ausência,
sim a ti, quase monótona, quase nula
mas que és como o vento insubornável,
sim a ti, que és nada e atravessas tudo
e és o sangue secreto do poema.
António Ramos Rosa
Sublinho, sim a tudo isso...
ResponderEliminarBjs
:)) obrigada Lilá(s) :)
Eliminarbeijo.
Sim à poesia...! :)
ResponderEliminarBeijos
"...quase monótona, quase nula
Eliminar...como o vento insubornável"...
beijo, Isa!
Que vivam os relâmpagos
ResponderEliminarvejo-os ao longe
Eliminar[a iluminar a noite]
da minha janela.
beijo, Eufrázio.
lindo poema. Vento um beijo
ResponderEliminargrande
Morris
numa brisa de vento
Eliminarbeijo grande, Maurizio :)
e um sorriso!