09 junho 2012

PARAISO





DANTE NO PARAÍSO

... Enfim, transpondo o Inferno e o Purgatório, Dante 
Chegara à extrema luz, pela mão de Beatriz:
Triste no sumo bem, triste no excelso instante, 
O poeta compreendera o mal de ser feliz.

Saudoso, ao ígneo horror do báratro distante,
Ao vórtice tartáreo o olhar volvendo, quis
Regressar à geena, onde a turba ululante
Nos torvelins raivando arde na chama ultriz:

E fatigou-o a paz do esplendor soberano;
Dos réprobos lembrando a irrevogável sorte,
A estância abominou do perpétuo prazer;

Porque no coração, cheio de amor humano, 
Sentiu que toda a Vida, até depois da morte, 
Só tem uma razão e um gozo só: sofrer!

Olavo Bilac





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