14 janeiro 2014





abriu no peito um vale para deixar correr o rio do coração
bebeu pela taça dos lírios o pólen exíguo da neblina
semeou nas janelas do aposento partes do corpo:
a boca, o estômago, os pés, os ramos dos dedos
que suportavam infatigáveis navios
e iam e vinham dos espelhos e regressavam do mar como cedros a
pique

pequenas ondas espalhadas pelo chão do quarto
erguiam-se e cantavam. eram tecidas por uma aranha azul.

de: Maria Azenha




10 comentários:

  1. Muitos mareantes na imensidão da água que é o rio do coração...

    Beijinhos

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  2. Por vezes intriga-me como descobres textos que são tão do meu agrado!!!
    Beijinhos

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    1. tenho o livro de Maria Azenha "De Amor Ardem os Bosques".
      também costumo cutucar nos seus blogs.
      gosto muitissimo dela.
      beijinho, Lilás.

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  3. Respostas
    1. é assim:
      Maria Azenha
      escreve maravilhosamente bem

      beijo amigo, Daniel

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  4. Gosto da poesia da Maria Azenha.
    E este poema não é excepção.
    Querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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  5. A nossa interioridade é rio de água permanente, a que nem sempre damos a devida atenção. Navegar nesse rio é enfrentar medos, soprar neblinas, conjugar o verbo ser...

    Beijo :)

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