15 setembro 2012

NAVEGAÇÕES



ATRAVÉS DO TEU CORAÇÃO PASSOU UM BARCO

QUE NÃO PÁRA DE SEGUIR SEM TI O SEU CAMINHO




Vi as águas, os cabos, vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som de suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais.

As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri.

Sophia Mello Breyner






4 comentários:

  1. Belíssimo espaço, o seu, parabéns!
    Adoro beber poesia...
    abraço
    cvb

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Cecília, bem vinda ao lugar do Vento:))
      espero-te sempre.

      Sophia é a própria poesia :))

      abraço amigo.

      Eliminar
  2. Minha querida

    Lindo este poema de Sophia que eu adoro ler, no Natal passado os meus filhos ofereceram-me a Obra Poética que tem quase toda a sua poesia.

    Um beijinho com carinho e obrigada pela presença carinhosa sempre.
    Sonhadora

    Se quiseres ler um poema diferente (que até eu achava que não conseguia escrever) passa lá.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sonhadora, passei há dias na tua casa e adorei ler esse teu poema diferente, tal como adorei o que escreveste especialmente para dia do aniversário do teu blog.
      repito o que disse lá:

      - sempre acreditei [e sempre te disse] no teu potencial para escrever poesia bela que não fosse triste ou dramática. sempre que te leio me lembras a grande Florbela Espanca [também sempre te disse :)))]

      beijos
      até logo.

      Eliminar